Esse artigo mostra a diferença entre transformadores e autotransformadores.
Transformadores – isolação
O transformador transfere a energia entre dois circuitos através de um campo magnético, sem haver necessariamente um condutor elétrico entre esses dois circuitos. Isso permite que um circuito alimente ou controle outro de forma isolada, ou mais precisamente, com isolação galvânica entre os dois.
Autotransformadores
O autotransformador tem o funcionamento bastante semelhante ao transformador, com a diferença de que os dois circuitos estão ligado na mesma bobina.
Onde usar
O autotransformador, por usar uma bobina compartilhada entre o primário e secundário, requer menos condutores e permite o uso de um núcleo menor, o que se traduz em um transformador de tamanho menor e mais barato.
A diferença de tamanho entre um transformador e um autotransformador com as mesmas tensões e potência depende da diferença entre a tensão de primário e secundário. Quanto menor a diferença, menor o tamanho e preço do autotransformador. Quando a diferença entre as tensões é muito grande (3:1 ou mais, por exemplo) a aplicação do autotransformador já não é vantajosa e o transformador é usado.
Por ser mais barato, o autotransformador sempre é preferido quando não há necessidade de isolação entre circuitos e a diferença de tensão não é muito elevada.
O transformador é usado quando não compensar o uso do autotransformador devido à elevada diferença entre tensões, quando há necessidade de isolação, ou quando há a necessidade de filtragem de harmônicas de alta frequência. Na sequência são explicadas as vantagens da isolação e filtragem.
Transformador | Autotransformador |
Há necessidade de isolação | Não há necessidade de isolação |
Diferença de tensão > 3:1 | Diferença de tensão < 3:1 |
Necessidade de filtragem de harmônicas | Não há necessidade de filtragem de harmônicas |
Isolação galvânica
A isolação galvânica entre primário e secundário de um transformador pode ser necessária para evitar um curto circuito no circuito secundário ou para aumentar a segurança na operação do equipamento alimentado pelo secundário.
Curto circuito primário-secundário: Ao isolar o circuito secundário do primário, podemos conectar o circuito secundário a um terceiro circuito qualquer sem o risco de haver curto circuito. Vamos ilustrar isso através de um caso hipotético usado um autotransformador e um transformador. No caso ilustrativo temos uma máquina que precisa ser alimentada em 127V, e um dos condutores da alimentação é aterrado. No local temos disponível apenas duas fases, com 220V entre elas.
Segurança: Se um transformador tiver o circuito primário ligado à rede e o secundário ligado a um painel ou equipamento, ao isolar o circuito secundário do primário, tiramos o circuito secundário do potencial da rede e impedimos a passagem de corrente entre primário e secundário, o que diminui os riscos caso haja alguma falha na isolação do equipamento ou painel. Vamos ilustrar isso através de um caso hipotético usado um autotransformador e um transformador. No caso ilustrativo temos um painel que precisa ser alimentado em 48V. No local temos disponível um neutro e uma fase com tensão de 127V entre eles. A isolação do painel contém uma falha, permitindo que a tensão de alimentação atinja a parte acessível ao operador.
Filtragem
O transformador transfere a energia entre o circuito primário e o secundário através de um campo magnético. A corrente alternada aplicada ao primário gera o campo magnético variável, que induz tensão na bobina do circuito secundário.
Para melhorar a eficiência do transformador normalmente é usado um núcleo de uma liga de ferro para concentrar e amplificar o campo magnético. Na frequência da rede, que é de 60Hz no Brasil, normalmente é usado um núcleo de lâminas de ferro.
Como a corrente aplicada ao primário é alternada, ela está continuamente mudando a polaridade do campo magnético no núcleo do transformador, ou seja, mudando 60 vezes por segundo o lado em que fica o norte e o lado em que fica o sul do campo magnético.
O ferro que compõe o núcleo tem um tempo limitado de resposta quando a corrente na bobina do primário força-o a alterar seu estado de magnetização, e por isso mudanças muito rápidas na corrente podem não ser respondidas pelo ferro na mesma velocidade. Na frequência de 60Hz o ferro responde bem, porém a medida que a frequência da corrente aplicada aumenta, essa resposta vai piorando, e assim a corrente aplicada no primário deixa de fazer efeito e acaba não gerando tensão no secundário, funcionando como um filtro de altas frequências.
Esse efeito de filtragem pode ser positivo quando se desejar que componentes parasitas de alta frequência (harmônicas) sejam filtrados pelo transformador.
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